A cracolândia é um tema sempre recorrente nos noticiários de TV, nos sites, nas redes sociais e nas propostas de candidatos a prefeito da cidade de São Paulo.
Porém, pouco se ouve falar de sua história e como tudo começou lá no início.
Com base nisso, o presente conteúdo foi preparado com este objetivo, de trazer um breve histórico desse local, destinado exclusivamente ao comércio e consumo de crack.
Portanto, não deixe de conferir este artigo até o final para ter acesso a um conhecimento de utilidade pública.
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A história da Cracolândia
O uso desenfreado de crack que alastra a maior capital do Brasil completou três décadas.
A primeira vez que o crack foi apreendido na cidade ocorreu em junho de 1990, ocasião em que a polícia conduziu até a Delegacia um homem da zona Leste na cidade que carregava 220 gramas da droga.
Para se ter uma noção, a pedra de crack tem um peso aproximado de 25g, sendo vendida por uma média de R$ 5,00.
Desse modo, a quantidade apreendida pela primeira vez já demonstrava como o comércio de crack estava crescendo e se alastrando pela cidade.
Já naquela época, a droga era distribuída para vários pontos de São Paulo, dentre eles, a região central, onde o crack começou a ganhar espaço por conta de seu efeito e preço baixo.
Com isso, a droga começou a substituir outros entorpecentes, como o éter, a cola de sapateiro, a cocaína e a maconha.
A origem da cracolândia tem relação, ainda, com a degradação da área urbana que a região da Luz passou depois que o terminal rodoviário foi desativado.
Entre os anos 60 e 70 a rodoviária era um dos pontos principais de chegada na cidade, tanto para quem vinha do interior, como para quem vinha de outros estados.
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Ao redor do terminal rodoviário da Luz, foi estabelecida uma área comercial bem ativa, com restaurantes, lanchonetes, pensões, hotéis e lojas.
No entanto, após a desativação da rodoviária, não foi elaborado nenhum plano para a reurbanização da região.
Com isso, grande parte dos estabelecimentos acabaram fechando suas portas.
No ano de 1986, no mês de junho, quando havia completado 4 anos de desativação do terminal, a prefeitura paulista decidiu fazer a demolição das marquises do terminal.
Nessa época, as regiões que contornavam o local desativado estavam sendo ocupadas por pessoas em situação de rua.
Com isso, a região da Luz começou a experimentar o aumento de dependentes químicos.
No entanto, a situação foi agravada a partir dos anos 90, quando o crack começou a surgir no cenário paulista.
No entanto, o policiamento não dava conta de combater o problema na região.
Nos quartéis, nenhum policial queria atuar na área central, sendo considerado um verdadeiro castigo.
Diante desse cenário, a prisão de pessoas que traficavam crack era ineficaz, dando a sensação de que a PM estava apenas “enxugando gelo”.
Isso porque, a cada prisão que era feita, diversos outros traficantes surgiam na região.
Na década de 90, o consumo de crack ainda era disperso.
Os usuários começaram a se concentrar na região da cracolândia no começo dos anos 2000.
A cracolândia e o êxodo
Diante do cenário catastrófico estabelecido na região, em dezembro de 1998 foi realizada uma das primeiras ações na cracolândia para combater o alastramento da droga.
Nessa ocasião, os órgãos municipais e estaduais uniram esforços em uma única operação, com o objetivo de prender traficantes.
A ação foi tomada após a denúncia da Ordem dos Advogados do Brasil da seção de São Paulo, de que algumas ruas da região já estavam tomadas por usuários.
Na época, a prefeita de São Paulo era a Marta Suplicy, do PT, a qual foi questionada sobre as ações tomadas para combater a cracolândia.
A ex-prefeita lançou uma nota na época informando que os esforços foram concentrados no acolhimento das pessoas que estavam em situação de rua.
A nota informou ainda que, além das drogas, outros problemas assolavam a região central, como o abandono e a pobreza.
Em seguida, no começo de 2005, foi iniciada a gestão de José Serra, do PSDB.
Nesse período, outras ações policiais começaram a ser executadas no local.
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Dentre as medidas, se destacam a demolição de imóveis que eram ocupados por traficantes, dependentes e reurbanização da região.
Nessa época, diversos imóveis foram demolidos nas ruas principais da cracolândia.
Nessa ação, os dependentes acabam migrando para outros locais e se instalando nas regiões próximas à praça Júlio Prestes.
A capacidade com que os usuários se mobilizaram e a velocidade da nova ocupação confirmaram que a cracolândia não tinha deixado de existir.
Depois desse período, a gestão de Kassab colocou em prática um avanço significativo nos serviços de acolhimento de dependentes.
Porém, no começo de 2011, os usuários migraram novamente para a antiga região, onde instalaram barracas para a moradia no local.
Em 2012, uma violenta ação foi realizada na região, sendo questionada por diversos órgãos, entre eles a promotoria.
A situação fez com que a Defensoria Pública recorresse à justiça pedindo que os policiais não fizessem revista em usuários de crack sem um justo motivo.
Com base nessa decisão, os dependentes acabaram permanecendo na cracolândia por toda a gestão de Fernando Haddad, sendo expulsos após a ação policial executada na gestão de Dória, no dia 21 de maio de 2017.
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Ineficácia de ações policiais violentas
De acordo com os pesquisadores e com a própria história da cracolândia, as ações policiais violentas no local nunca acabaram, porém, todas foram ineficazes.
O que muda de uma gestão para outra é o aprimoramento dos serviços de acolhimento de usuários de crack.
De fato, o apoio oferecido pelos órgãos que integram o sistema de saúde sempre será a melhor ferramenta para combater o consumo de crack.
Com base em muita ajuda e persistência, o problema vai sendo resolvido aos poucos.
A cracolândia é a prova viva de que é preciso unir esforços da sociedade e do governo para tentar compreender o problema e propor ações eficazes e que resguardem a dignidade dos usuários.