Ter um dependente químico na família é um dos processos mais difíceis para os pais e outras pessoas próximas, no entanto, essa é a realidade de grande parte dos brasileiros, já que a dependência química atinge milhares de pessoas em nosso país.
Se você deseja saber o que fazer para apoiar uma pessoa em sua família que é dependente químico sem se tornar codependente e acabar adoecendo também, acompanhe todas as dicas e informações sobre o tema!
O que é preciso saber?
Muitos familiares sentem desejo de ajudar o dependente químico, mas terminam indo por dois extremos que podem ser muito perigosos: o de super proteger, passando a se tornar dependente do uso ou abandonar a pessoa fazendo julgamentos morais danosos ao relacionamento e ao tratamento.
O que é fundamental saber é que a dependência química é uma doença crônica, grave e sem cura, mas que possui tratamento. Esse conhecimento livra o familiar do dependente químico de realizar julgamentos morais e acreditar que a pessoa não deseja sair do vício, que é fraco e outras falas do senso comum que atrapalham muito o tratamento.
O que não devemos falar para um familiar dependente químico?
Algumas falas são muito danosas para o relacionamento e também para o tratamento da pessoa que está em situação de uso abusivo de drogas. Veja alguns exemplos muito comuns de falas do senso comum que são potencialmente prejudiciais nesse cenário:
Não diga que o uso de drogas é fraqueza
O uso de drogas decorre de uma doença e o dependente químico não é fraco nem tem falta de vontade. As substâncias contidas na droga causam profunda dependência, tanto física quanto emocional e os motivos que ligam seu familiar ao uso são múltiplos e provavelmente descendem de um sofrimento muito grande.
Não subestime a dor do dependente químico
A dependência química é uma doença de ordem mental e, a maioria dos usuários também apresenta um grande sofrimento psíquico que os leva ao uso de drogas ou que os culpa por não conseguir abandonar o uso abusivo.
Assim, quem é familiar de um dependente químico precisa compreender o quanto essa dor pode ser potente e compreender toda a vida da pessoa. Sabendo disso, nossa capacidade de fazer julgamentos morais fica reduzida.
Pense que ninguém é igual ao outro e o dependente químico muitas vezes não consegue agir da forma como gostaria ou como deveria por isso, precisa de ajuda.
Uso de drogas não tem a ver com marginalidade
Embora o uso de drogas seja muito complicado para a família, já que o usuário pode se envolver até em dívidas com traficantes e estar em meios complicados.
Mas é importante saber que o uso de drogas em si não tem a ver com marginalidade, mas é resultado de uma doença que precisa de tratamento.
Como evitar os dois extremos? – Dependente químico
Como dissemos, é muito comum que os familiares de dependentes químicos vão para dois extremos muito complicados, o de abandonar o usuário completamente ou o de superproteger, se tornando frequentemente codependentes. Às duas situações podem acontecer simultaneamente.
Veja as principais dicas para saber como conseguir apoiar seu familiar sem cair em um dos dois extremos:
Faça psicoterapia
A psicoterapia é fundamental para familiares de dependentes químicos poderem se eximir da culpa que muitos pais sentem pelo uso dos filhos e também para conseguirem separar até onde conseguem ajudar e quando passa dos limites estender a mão, comprometendo outras áreas da família.
A psicoterapia também é muito importante para que toda sua vida não passe a girar em torno do familiar, fator que é muito comum.
A dependência química exige cuidados e tratamento por equipe especializada, mas os familiares não podem deixar de viver para acompanharem o uso da outra pessoa.
Não seja acusatório
Seu familiar realmente pode ter passado dos limites muitas vezes e até ter perdido os vínculos com amigos e familiares. É importante conversar com a pessoa seriamente, mas sem tom acusatório.
Uma boa dica é falar palavras de incentivo e dizer sempre a verdade, mas sem acusações e sem tom moralista. Diga que sabe que ele está passando por uma fase complicada e que muitas coisas ruins aconteceram, mas que confia nele e em sua capacidade para mudar.
Esse pode ser um ótimo começo para estabelecer de novo uma relação de confiança e conseguir, com o tempo, ajudar seu familiar a abandonar o vício.
Coloque limites
Essa é a parte mais difícil para familiares, sobretudo para pais de dependentes químicos, já que muitas vezes o uso de drogas pode fazer com que a pessoa perca a noção do que é viável e possa colocar até sua família em risco.
Deixe muito claro que você ama a pessoa e está sempre disposto a ajudar, mas que existem limites na convivência familiar. Dar dinheiro ao dependente para consumir drogas ou pagar dívidas nunca é uma boa ideia.
Permitir que o dependente químico retire objetos da casa também jamais deve ser admitido.
É importante que você não se sinta responsável pelo uso de drogas da outra pessoa nem se culpe pela educação que ofereceu ao filho, não são esses fatores que provocam o uso.
Muitos pais acabam cedendo em limites básicos por culpa ou por não saberem como agir ou ainda por medo de que o filho saia de casa e se entregue de vez ao uso de drogas.
Claro que todas as tentativas são válidas e não é ideal abandonar uma pessoa nessa situação, mas se o usuário não encontrar limites em casa irá encontrar fora dela, e os limites poderão ser muito mais severos.
Tente conversar sobre a internação em clínicas humanizadas de recuperação, se houver espaço, leve seu familiar até uma unidade de clínica com trabalho humanizado para que conheça o espaço e se sinta acolhido por profissionais especializados e outras pessoas que também estão em tratamento.
Não deixe de escolher uma clínica de absoluta confiança, com estrutura adequada e profissionais especializados!